Autor: Professor Victor Lucas Caldeira
Coautor: Professor Hugo Ferreira
“O Efeito Barnum ou Forer, também conhecido como efeito da validação subjetiva ou da validação pessoal, consiste na aceitação de descrições de personalidade vagas e gerais como se fossem exatas e verdadeiras” Bunchaft; Krüger (2010).
Em outras palavras, os indivíduos tendem a aceitar descrições que são supostamente feitas de forma exclusiva para eles, mesmo que as informações sejam vagas, gerais e ambíguas, acarretando em índices de acerto elevado. Através desta análise fica claro a dificuldade de distinção entre ciências e pseudociências pelos indivíduos nas sociedades.
De acordo com Forer, o efeito Barnum explora a credulidade dos participantes, isto é, a aceitação de afirmativas declarações sobre determinados fatos, sem a utilização da desnaturalização, senso crítico ou embasamento científico. Esse princípio pode ser notado em todas as esferas da sociedade, como a política, econômica, religiosa e a familiar. Observando em contextos gerais, a credulidade acarreta malefícios em longo prazo, pois, ao se acostumar a consumir informações sem analisar de forma crítica, acaba-se acreditando em informações sem profundidade, cedendo espaço ao controle social. Alguns exemplos dessas tendências conhecidas como pseudociências são a astrologia, Tarot, Homeopatia, placebo, antigos astronautas, movimento anti-vacina, designer inteligente, entre vários outros.
Para comprovar essa teoria, Forer (1949) aplicou um questionário de personalidade baseado em uma coluna de astrologia, o texto em si demonstra ambiguidades desde o início. Todos os estudantes receberam a mesma descrição de personalidade, e nenhum percebeu, fato importante para o sucesso do experimento, pois todos os feedbacks eram iguais. No final do teste foi solicitado que todos os participantes dessem notas a sua avaliação de personalidade, e como nenhum dos participantes atribuiu nota baixa a sua avaliação, o teste foi bem sucedido.
Apesar do sucesso desse experimento, algumas características devem ser consideradas na sua execução:
Essas variáveis aparentam ser a resposta para a credibilidade depositada no experimento de validação subjetiva. Todas elas devem ser respeitadas e seguidas para a eficiência do teste.
De acordo com Fonseca (2019), uma resposta nesse padrão seria a adequada, texto ambíguo, evitando ser muito especifico e exaltando a generalidade:
“Você tem uma necessidade de ser querido e admirado por outros, e mesmo assim você faz críticas a si mesmo. Você possui certas fraquezas de personalidade mas, no geral, consegue compensá-las. Você tem uma capacidade não utilizada que ainda não a tomou em seu favor. Disciplinado e com autocontrole, você tende a se preocupar e ser inseguro por dentro. Às vezes tem dúvidas se tomou a decisão certa ou se fez a coisa certa. Você prefere certas mudanças e variedade, e fica insatisfeito com restrições e limitações.
Você tem orgulho por ser um pensador independente, e não aceita as opiniões dos outros sem uma comprovação satisfatória. Mas você descobriu que é melhor não ser tão franco ao falar de si para os outros. Você é extrovertido e sociável, mas há momentos em que você é introvertido e reservado. Por fim, algumas de suas aspirações tendem a fugir da realidade”.
Ignorando suas respostas e seguindo com o pressuposto do experimento, Forer obteve um alto grau de confiabilidade por parte dos estudantes, como descrito por Brito (2014):
“Forer deu um teste de personalidade para seus estudantes, ignorou as suas respostas e deu a cada estudante uma avaliação de personalidade e pediu para que os estudantes analisassem a avaliação com uma nota de 0 a 5, com 5 para “excelente” e 4 para “boa”. A média da sala foi de 4,26. Isso foi em 1948. O teste foi repetido centenas de vezes com estudantes de psicologia e a média das notas continuou entre 4,2 e 5, ou 84% de precisão”.
A necessidade de acreditar em algo maior, a criação de expectativas positivas e até mesmo aderir responsabilidade a terceiros, são características que promovem e favorecem a perpetuação das pseudociências, coisa que Forer atribui à credulidade. Independente do quanto à ciência evolua, os cultos e a procura por tais práticas evidenciam a exagerada necessidade de acreditar que o ser humano ainda possui.
REFERÊNCIAS
BUNCHAFT, Guenia; KRÜGER, Helmuth. Credulidade e efeito Barnum ou Forer. Temas em psicologia, v. 18, n. 2, p. 469-479, 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v18n2/v18n2a20.pdf>. Acesso em: 15 Out. 2020.
BRITO, Josikwylkson costa. Efeito Forer, o principal responsável pela crença em pseudociências. Universo racionalista, 2014. Disponível em:<https://universoracionalista.org/efeito-forer-principal-responsavel-pela-crenca-empseudociencias/>. Acesso em: 15 Out. 2020.
FONSECA, Matheus Meoquior da. Efeito Forer e a pseudociência. Unicentro, 2019. Disponível em:< https://www3.unicentro.br/petfisica/2019/03/21/efeito-forere-a-pseudociencia/>. Acesso em: Acesso em: 15 Out. 2020.
Forer, B. The Fallacy of Personal Validation: A Classroom Demonstration of gullibility. Journal of Abnormal and Social Psychology, 1949. Disponível em: <http://apsychoserver.psych.arizona.edu/jjbareprints/psyc621/forer_the%20fallacy%20of%20personal%20validation_1949.pdf>. Acesso em: 07 de Dez. de 2020
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